Especial Dia das Mães: mãe de pet também é mãe?

Primeiramente, feliz Dia das Mães para todos. Para celebrar esta data especial neste 2020 complicado, a gente pensou em falar sobre mãe de pet, mulheres que tratam seus gatinhos ou cãezinhos não apenas como animais, mas como filhos reais. Geralmente há muitos questionamentos se mãe de pet também é mãe de verdade. Mas e quando alguém tem as duas vivências, tanto como mãe de um ser humaninho quanto de um bicho de estimação? Há alguma diferença? Como é  a rotina destas pessoas? Onde moram, como vivem, o que comem? Veja agora n’O Fazedor 😉.

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Hoje trazemos o relato da Jaqueline Cisne, 30 anos, formada em Artes Cênicas pela UDESC e atua como professora. Jaqueline é casada, tem dois filhos, um deles bebê de colo, um cachorro, três gatos e 10 galinhas! No momento, ela está de quarentena em casa com a família e, com a crise gerada pela pandemia do coronavírus (covid-19), está sem trabalho assim como milhões de brasileiros.

Dia das Mães: mãe de pet também é mãe?

Conheça a história de Jaqueline

“Acabei de me tornar mãe pela segunda vez na vida, então maternidade está na lista dos assuntos mais falados por mim nos últimos meses. Tudo que se relaciona a esse assunto tem muito frescor em mim. Tenho uma filhota de oito anos que apareceu na minha vida de forma totalmente inesperada e arrebatadora. Nunca achei que me tornaria mãe, e de repente ali estava eu com uma fralda de pano nos ombros e entendendo tudo sobre as cores do cocô e a profundidade de minhas olheiras.

Assim que minha filhota estava com cerca de dois anos eu tinha certeza que queria viver aquela experiência de novo, pela intensidade do sentimento que floriu em mim aquela menininha radiante. Mas demorou para achar um parceiro certo. Só agora, aos 30, vivi pela segunda vez o maternar e minha percepção sobre ser mãe agora é bem diferente. Fui agraciada com mais uma filha e um maridinho encantador.

Quando tivemos nossa pequena, lembro de meu companheiro se questionar em vários momentos do por quê as mulheres sofriam tanto nesse processo, na maternidade não tem isolamento acústico e nós estivemos por 30 horas em trabalho de parto de modo que ouvimos muitas coisas. Agora eu penso que talvez seja uma morte aquele momento, acho que você morre ao nascer seu filho assim renasce em você outra mulher, você nasce enquanto mãe no momento que seu filho nasce.

Apoio em casa

Eu e meu marido conversamos muito sobre muita coisa, temos muita intimidade e quando nossa filha chegou em casa ele virou para mim e falou: ‘O amor não existe, esse amor de casal. O único amor real mesmo é de um pai ou mãe pelo seu filho‘. Acho que ele devia estar tão apaixonado pela nossa bebê, eu também estou. A questão é, quando o assunto é sentimento não existem parâmetros para a comparação.

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Como vou medir o tamanho do amor que eu sinto por um filho e o comparar ao amor que eu sinto pelo meu par ou pelo meu gato? É o tipo de coisa que você precisa passar pela experiência, não dá para saber se nunca sentiu. É como quando as pessoas que nunca viveram com um gato dizem que não gostam deles, elas nunca conheceram um, porque a gente não conhece um gato verdadeiramente até que conviva com ele. Ele não se mostra para qualquer um.

Como é ser mãe de pet

Sobre essa questão da comparação amor de mãe X amor de gato eu lembrei de dois episódios que já aconteceram comigo. Quando eu ainda morava com minha família eu tinha muitas carências afetivas e sofria bastante com várias coisas, foi aí que surgiu meu primeiro gato, o Smeagle. Eu conheci o amor, eu descobri o que era amar e ser amada em troca. Me salvou de muitos pensamentos, de muitos demônios que me habitavam. Até aquele momento eu achei que era o maior amor do mundo. E era.

Um segundo episódio foi alguns anos depois, eu morava em uma cabana no meio do mato lá no canto da lagoa. Tinha três gatos, o Proust que foi também um parceiro incrível, o Gorki e a Rita. A Rita não deixava ninguém chegar perto dela, era muito brava, estava mais para uma visitante que dormia na minha cama com seus irmãos toda noite. O temperamento dela não me permitiu a castrar e ela acabou engravidando, mas eu nem sabia porque realmente ela não chegava nem perto da gente.

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Em uma manhã eu estava ainda meio tonta de sono, acordei com ela pulando da janela da rua para cima de mim, parou no lado da cama com um bebê na boca. Me olhou como esperando minha aprovação. Eu abri um sorriso gigante e fui acolher o gatinho bebê, nisso ela saiu e voltou uns minutinhos depois com outro bebê. Fiquei emocionada em princípio de ela ter dedicado a mim o cuidado com seus filhos recém-nascidos. Mas não foi isso, ela os abandonou comigo. Assim como não queria contato com humanos e outros bichos, ela não queria seus filhos. Por fim eu os doei. Para mim, não se pode amar bichos como filhos se eles próprios não amam seus filhos como os humanos.

Maternidade x sociedade

Eu sei que são muitos poréns nesses exemplos, mas são coisas que constroem o meu pensamento. Associado a isso, vem o Dia das Mães. Por mais que seja uma data comercial, ela possui um valor simbólico único. Com o decorrer das mudanças impostas pelo sistema econômico em nossa sociedade e devido seu machismo estrutural o que vemos hoje é uma sobrecarga tão brutal as mulheres que decidem ou aceitam ser mães. É tão sufocante, tão pesado, exige tanto da tua energia vital, física e emocional que esse dia se transforma em um agradecimento coletivo à tarefa mais fundamental e também mais cheia de desigualdade que é o maternar.

Mãe de pet x mãe de humano

A vida de pais é tão cheia de altos e baixos, de noites mal dormidas, de falta de grana, de casa bagunçada, louça suja… que nem sempre você consegue ouvir um obrigada acompanhado de um café na cama e um mimo. O dia das mães para mim tem mais ligação com esse agradecimento com o amor em si.  Acho que nada é tão gratificante quanto receber um agradecimento pelo empenho de um vida inteira na tarefa de ser mãe.

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E no fundo é isso que essa data representa, por isso não relaciono essa data ao amor por animais.

Igual não julgo, conheço muitas mulheres que não são mães e gostam de estender essa data para si, não vejo dessa forma, confesso, mas cada um sabe de si. Agora uma coisa bem diferente é uma marca estimular isso. Pode soar ofensivo às mães que sabem o que é ter trinta braços, paciência de monge, energia de ninja e força de samurai.

Esse foi o relato da Jaqueline, emocionante, né? Você também tem alguma história inspiradora? Manda para a gente.

Esclarecimentos

Como uma marca voltada para animais, em nosso nicho voltado aos pets, achamos importante falarmos sobre os cuidados e o carinho que dedicamos aos nossos gatinhos, principalmente por meio da adoção e do cuidado contínuo. E sim, é comum nos considerarmos “mães/pais” dos nossos pets e os chamarmos de “filhos”, afinal, essas palavras são as que conhecemos para a relação estabelecida de amor, cuidado e fraternidade. Chamamos amigos de “irmãos de outra mães”, pois, as palavras são definidoras de sentimentos e relações. E assim somos nós humanos.

A vida de quem tem um gatinho, ou vários, exige investimento financeiro, atenção, responsabilidades e muitas outras demandas que nós gateiros bem sabemos. Já as mães de humano passam por outros desafios, questões como dificuldade para conseguir trabalho, isolamento social por causa da intensa necessidade de estar presente, sobrecarga nas atividades domésticas, complicações para seguirem suas carreiras acadêmicas, mudanças físicas, etc. Realmente é uma lista enorme que somente as mães podem preencher.

Ressaltamos que não temos a intenção de comparar mãe de pet com a maternidade de humanos, pois o amor claramente não é uma competição. Um viva a todas as mães!

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